Montadoras negociam benefício ambiental

A quatro meses de o Brasil dar seu maior salto na legislação de controle de emissões de caminhões e ônibus, as montadoras correm, nos bastidores, para tentar obter do BNDES financiamento com juros mais baixos para a nova geração de veículos, com estreia marcada para janeiro de 2012. Sob o argumento de ter investido em tecnologia, a indústria avisa que elevará os preços entre 8% e 20%. Por isso, o país volta a assistir a uma cena que marcou todas as vezes que se mexeu nesse tipo de lei: transportadores mais capitalizados antecipam encomendas para fugir do aumento de preço. Um caminhão ou ônibus custa hoje menos – e polui mais – que o similar de 2012. E só será trocado por um mais novo daqui a três, quatro ou cinco anos.

Num mercado que já vinha aquecido, a demanda aparece à medida que a data limite para os veículos atenderem à nova norma se aproxima. Enquanto, de janeiro a julho, as vendas de todos os tipos de veículos aumentaram 8,58%, o mercado de caminhões cresceu 15,1% e o de ônibus, 21,69%. No mesmo período, o segmento de automóveis registrou expansão bem menor, de 5,79%.

Para chegar à nova legislação, chamada de Proconve 7 – ou Euro 5, como prefere chamar a indústria de origem europeia – o país pulou uma etapa, a de número 6, por conta de polêmica, há dois anos, em torno de incertezas sobre a disponibilidade de combustível. A nova legislação representa uma mudança drástica não apenas nos componentes dos veículos, mas também num novo diesel, com menos enxofre, e num aditivo à base de ureia, chamado Arla 32. A necessidade de lidar com tudo isso implica numa mudança de hábitos, não apenas do frotista, mas principalmente, do motorista. Se for abastecido com o combustível vendido hoje, um veículo dessa nova geração vai quebrar.