Produção de veículos dá salto de 22,4% até julho

A produção de veículos segue se fortalecendo, ainda que o mercado interno não tenha apresentado evolução consistente recentemente. De janeiro a julho saíram das fábricas brasileiras 1,48 milhão de veículos leves e pesados, com expansão de 22,4% na comparação com igual intervalo de 2016. As informações são da Anfavea, entidade que representa os fabricantes do setor. “Projetamos chegar ao fim do ano com a produção de 2,6 milhões de unidades. Não planejamos revisar este número, mas espero errar e alcançar resultado ainda maior”, admite Antonio Megale, presidente da associação.

Os resultados do acumulado dos sete meses do ano indicam que a ambição é realizável. Os dados isolados de julho apontam para produção de 224,7 mil veículos, com alta de 5,9% na comparação com junho e de 17,9% sobre o resultado de um ano atrás. Ao longo do ano, houve aumento em todos os segmentos. Foram fabricados 1,43 milhão de veículos leves, com expansão de 22,6%. Entre os caminhões, saíram 43,2 mil unidades das linhas de montagem, com alta de 19%. Já a produção de ônibus avançou 12,9% de janeiro a julho, para 12,2 mil chassis.

Ociosidade segue elevada

O bom ritmo de recuperação da produção de veículos não resolveu a persistente ociosidade nas fábricas de veículos. A Anfavea calcula que, no começo do ano, 54% da capacidade instalada estava sem utilização, índice que caiu para 49% atualmente – um patamar ainda elevado. “Se imaginarmos que a indústria brasileira tem potencial para fazer quase 5 milhões de veículos, vemos que perto da metade disso vai seguir sem ocupação com a produção prevista para este ano”, calcula Megale. O problema segue maior para as fabricantes de veículos pesados, que ainda enfrentam ociosidade superior a 70%.

O mercado interno contribuiu pouco para o aumento do ritmo das fábricas este ano. Algo que pode mudar entre agosto e o fim do ano, que são meses tradicionalmente mais fortes em volume de emplacamentos. O maior estímulo para o aumento da produção veio das exportações, que somaram 439,5 mil unidades até julho, um recorde para o período.

Em paralelo, ainda que o mercado nacional tenha encolhido, diminuiu a participação dos carros importados nas vendas para apenas 11% nos sete meses do ano, dando mais espaço para os modelos feitos aqui. Este índice era de 13,3% em 2017 e de 17,6% em 2014. “Com o fim do Inovar-Auto e, consequentemente, do adicional de 30 pontos no IPI feitos fora do Brasil, a presença dos importados nas vendas deve aumentar gradualmente a partir do ano que vem. Um patamar saudável está entre 15% e 20%”, estima Megale, reconhecendo que há certa artificialidade no número atual.

Estoques e empregos estáveis

O nível de estoques teve redução sensível de 1% em números absolutos para 217,7 mil veículos armazenados entre as concessionárias e os pátios das fábricas, o equivalente a 36 dias de vendas no patamar registrado em julho. A variação é parecida com a do número de empregos nas montadoras, que sofreu redução de 1,3% para 125,1 mil pessoas. Deste total, 12,1 mil funcionários passam atualmente por algum regime de afastamento de sua jornada normal de trabalho: 3,2 mil deles em layoff, a suspensão temporária do contrato, e 8,9 mil no PSE (Programa de Sustentação do Emprego).

O número de pessoas em regime de redução da jornada, no entanto, está em queda. Em junho ele chegava a 12,5 mil trabalhadores. Gradualmente as montadoras começam a retomar a produção. MAN e Volkswagen, por exemplo, já saíram do PSE.

Fonte: Automotive Business – 4/8/2017