18 de maio: Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

SEST SENAT mobiliza Unidades Operacionais em todo o Brasil para formar uma grande rede de proteção; saiba quais são os sinais e como prevenir uma criança contra o abuso e exploração.

Uma criança ou um adolescente vítima de abuso ou exploração sexual carrega marcas por toda a vida. E esses casos são mais comuns do que se possa imaginar.

São dados alarmantes!

No Brasil, aproximadamente, 500 mil jovens, a maioria entre 7 a 14 anos, são vítimas de exploração sexual. Isso significa lotar seis estádios do porte do Maracanã. Mesmo sendo crime, apenas 7 em cada 100 atos são denunciados, segundo estimativa da ONG Liberta.

Segundo o balanço geral do Disque 100 (Disque Direitos Humanos), de 2011 a 2016, mais de 110 mil casos de abuso e mais de 30 mil casos de exploração contra crianças e adolescentes foram registrados.

Tipos de violência

De acordo com a gerente de programa e de relações empresariais da ChildHood, Eva Dengler, a violência contra crianças e adolescentes está identifica em quatro grandes frentes: a negligência ou o abandono; a violência física; a violência psicológica; e a violência sexual.

“A violência sexual se manifesta de duas formas: com o abuso – quando o adulto, geralmente próximo à criança, inicia um processo de sedução para satisfazer os seus desejos sexuais. Não há, obrigatoriamente, contato físico. São casos em que, por exemplo, o adulto faz a criança tirar a roupa na frente dele ou assistir um filme pornográfico. São situações em que a criança ou o adolescente não estão preparados para viver. O abuso é velado.  Existe um pacto de segredo. Como a relação é de confiança, de amor, a criança não percebe de maneira nenhuma que o abuso é algo errado. Ele, por vezes, acontece por anos e a pessoa só revela quando chega a idade adulta. É um processo muito complexo”, explica.

Já a exploração, é quando meninos e meninas são colocados à disposição de adultos como um serviço sexual, normalmente dentro de ambientes de prostituição adulta.

Somente no ano passado, o Disque 100 registrou 37.726 denúncias de violência sexual; 63.858 de violência psicológica; e 60.397 de violência física envolvendo menores de 18 anos.

Violência que deixa marcas

De acordo com a psicóloga do SEST SENAT de Belo Horizonte (MG), Patrícia Duarte, as consequências psicológicas de crianças e adolescentes vítimas de abuso ou exploração sexual são muito parecidas: eles têm medo, revolta, culpa, dificuldade de se relacionar, a aprendizagem e o desenvolvimento escolar caem muito, ficam mais retraídos.

“Mas existem diferenças na questão comportamental. A criança se comporta de uma forma e o adolescente de outra”, alerta Patrícia.

Na criança, segundo ela, percebe-se submissão, culpa e pensamentos depreciativos com relação a ela. Pode vir a se tornar uma criança hiperativa ou quietinha demais. “Ela vai dizer que não consegue fazer as coisas ou que não dá conta de determinadas situações, por exemplo. Além disso, brincadeiras sexuais ou masturbações, ou seja, comportamentos que a gente não espera de uma criança naquele momento com relação a sexualidade podem surgir”.

No adolescente, é possível perceber uma intenção suicida, agressividade, uso de álcool e drogas e diagnóstico de depressão. “Embora a gente consiga ver isso em uma criança também, no adolescente é mais visível e, muitas vezes, confundido como um processo natural da rebeldia da adolescência”.

É preciso ficar atento aos sinais

Crianças e adolescentes vítimas de abuso e exploração sexual, na maioria das vezes, dão sinais de que algo não está indo bem. A psicóloga ressalta que o desenvolvimento da personalidade fica alterado. “Eles vão começar a se mostrar diferentes do comportamento habitual”. Geralmente, se mostram mais tristes e fechados. Mais arredios e agressivos. Há baixa autoestima. “A gente costuma relacionar esse tipo de comportamento somente como falta de educação ou de limites. Então, é importante observar a questão emocional e as questões comportamentais. Tudo isso vai auxiliar na suspeita de que há alguma coisa errada acontecendo”, disse a psicóloga.

Diálogo aberto: o caminho certo para a proteção

Estabelecer uma relação de confiança em que o diálogo aberto seja regra na relação é um dos primeiros passos para proteger crianças e adolescentes contra o abuso e a exploração sexual.

“Às vezes, os pais ou cuidadores são mais enérgicos e eles pensam: não vou contar porque eles não vão entender. Então, é importante dar essa abertura para o diálogo, estimulando com conversas como: pode contar qualquer coisa que a gente não vai brigar, nós vamos conversar. Eu preciso saber o que está se passando com você… Hoje, quanto mais os pais ou cuidadores se mostrarem autoritários, menos diálogo vão ter com os filhos, sejam enquanto crianças ou adolescentes porque eles temem as reações que os pais ou cuidadores possam ter. Por isso, é essencial que o próprio adulto repense a forma de lidar com as crianças e adolescentes em qualquer circunstância”, orientou a profissional.

A profissional ainda orienta que não é preciso ter vergonha ao falar de sexualidade com crianças, principalmente. Isso, de acordo com Patrícia, deve ser discutido com elas desde os primeiros momentos. “Dizer para elas sobre a importância de preservar, cuidar e respeitar o próprio corpo e o corpo do outro. Que qualquer coisa que acharem diferente, seja em casa, na escola, que podem compartilhar”.

Acreditar na história contada é fundamental

Há quem não dê ouvidos ao que uma criança fala sob a justificativa de que ela não é capaz de entender o que está acontecendo. Mas elas entendem sim, garante a psicóloga. “Às vezes, ela pode falar: meu tio não é uma pessoa legal! É importante que você pergunte: por que ele não é legal? É preciso questionar o que a criança traz e dar credibilidade à fala dela”.

Notou algo diferente? Procure ajuda profissional!

A criança está mais agitada, mais agressiva, mais nervosa? Suspeita que alguma coisa de errado pode estar acontecendo com ela? Não hesite em procurar ajuda profissional.

Conforme Patrícia, a psicologia tem ferramentas que podem avaliar uma criança ou adolescente. É por meio desse apoio que se trabalham as feridas que essa violência causa. “Mostrar que ela não tem culpa, que o responsável é o outro e ajudá-la a ressignificar isso dentro da história dela”.

Todas as Unidades do SEST SENAT oferecem assistência psicológica de graça para trabalhadores do transporte contribuintes e seus dependentes. Para ter acesso à gratuidade, é preciso que o trabalhador autônomo ou a empresa onde trabalha contribua para o SEST SENAT.

Projeto Proteção

Com o objetivo de desenvolver ações socioeducativas para o enfrentamento e a erradicação da exploração sexual de crianças e adolescentes, o SEST SENAT investe em ações de mobilização e de conscientização dos trabalhadores do transporte e sociedade em geral por meio do Projeto Proteção.

Isso porque o SEST SENAT integra esforços coletivos para o engajamento do trabalhador do transporte e sociedade em geral para o protagonismo na proteção de crianças e adolescentes no Brasil. Desta forma, possibilita a conscientização desses atores, dando evidência de que o bom desenvolvimento das crianças e dos adolescentes deve ser assegurado pelo Estado e por todo cidadão e cidadã deste país. Ressalta-se que o profissional do transporte, principalmente o caminhoneiro, por estar presente nas estradas, é um agente fundamental para o desenvolvimento de ações que combatem à exploração.

Neste ano, diversas atividades serão realizadas em todo o Brasil cujo intuito é formar uma grande rede de proteção. Durante a semana do 18 de maio, serão desenvolvidas ações como blitze educativas, caminhadas alusivas ao tema, seminários, abordagens em postos de gasolina, entre outros. Mas o Projeto Proteção continuará suas ações durante todo o ano, uma vez que é um projeto transversal dentro do SEST SENAT e atua junto com outras atividades desenvolvidas pela instituição.

De acordo com o artigo 70 do ECA, “é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.” Esse também é um dos papéis da rede de proteção do SEST SENAT.

Quer fazer parte da #RedeProteçãoSESTSENAT? Denuncie! 

Para ampliar o conhecimento dos trabalhadores do transporte e do público em geral sobre os principais deveres e direitos das crianças e dos adolescentes, o SEST SENAT ainda oferece um curso rápido, totalmente on-line e gratuito, sobre o ECA.

Onde denunciar?

Dique 100 (Disque Direitos Humanos)

Pelo site #HumanizaRedes

Em rodovias federais, o ideal é contatar a PRF (Polícia Rodoviária Federal), pelo telefone 191

Polícia Militar, pelo telefone 190

Conselhos Tutelares

Delegacias Especializadas

Delegacias Comuns

Centros de Referência de Assistência Social (CRAS)

Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS)

Ministério Público

Proteja Brasil

É um aplicativo para smartphones e tabletes criado para facilitar denúncias de violência contra crianças e adolescentes. Por meio dele, é possível obter os telefones e endereços de delegacias, conselhos tutelares e outras instituições do sistema de garantia de direitos mais próximos de você. As denúncias feitas através do app são encaminhadas diretamente para o Disque 100. Para saber mais, acesse: http://www.protejabrasil.com.br

Fonte: Sest Senat